História do Rito

Não se trata aqui de fazer o histórico do Antigo e Primitivo Rito Oriental de Misraim e Mêmphis. Gastone Ventura fez dele um estudo histórico na sua interessante obra Les Rites Maçonniques de Misraim et Memphis (Atanor, Roma, 1975; Maisonneuve & Larose, Paris, 1986). Tratar-se-á do Rito no plano da organização, da tradição e da teurgia, tanto quanto é possível fazê-lo numa apresentação geral.

O Antigo e Primitivo Rito Oriental de Misraim e Mêmphis é o fruto da fusão íntima entre o Rito de Misraím ou Egípcio, ressurgido em Veneza, em 1801, graças a Filaleto Abraão, e imediatamente difundido em Itália e em França, e o Rito de Mêmphis ou Oriental, fundado por Etienne Marconis em 1839, em Paris, com base numa nomenclatura que reelaborou os graus do Rito de Misraim, nele incluindo iniciações e rituais de tipo oriental.

Nos arquivos do Soberano Grande Santuário Adriático estão conservados, entre outros documentos, três pergaminhos que retratam, tanto quanto possível, as origens e as ramificações dos dois Ritos, assim como a sua fusão, ocorrida graças a Marco Egidio Allegri, que, em 1923, se tornou Potentado Supremo do Rito de Misraím de Veneza, assim como Grande Conservador vitalício do Rito de Mêmphis de Palermo, adormecido depois em 1925.

As informações sobre os dois Ritos são fragmentárias por causa das vicissitudes históricas sofridas por ambos. Ambos, e sobretudo o Rito de Misraím, encontraram oposições, no curso dos tempos, por parte do poder político e das outras obediências maçónicas, que, penetradas pelo vento de liberdade e de democracia trazido pela Revolução Francesa, suportavam mal um Rito que se declarava aristocrático.

Particularmente prejudicial foi a perseguição sistemática conduzida no século 19 pelo governo austríaco na Lombardia e no Veneto e pelos outros governos nos diferentes pequenos Estados da península itálica, pela Igreja em geral e, no século 20, pelo regime fascista; perniciosa foi também a luta conduzida pelos diferentes Grandes Orientes, que tentaram por todos os meios absorver o Rito de Misraím. Apesar de tudo, os documentos mais importantes foram conservados e transmitidos até aos nossos dias.

Em 16 de Maio de 1945, imediatamente após o fim da Segunda Guerra Mundial, o nosso Eminente Irmão Marco Egidio Allegri usou os seus poderes de Potência Suprema de 90º de Misraim e de Grande Conservador vitalício de Mêmphis e reuniu os dois Ritos num só, dando nascimento ao Antigo e Primitivo Rito Oriental de Misraim e Mêmphis, que se articula em 95 graus, fundando o Soberano Grande Santuário Adriático (Superum), o Soberano Templo Místico, o Sublime Consistório dos graus 30º - 90º e o Capítulo dos Orfeus.

Este mesmo Irmão estabeleceria para a perpetuidade a Venerável Loja Mãe e Mestra “Osíris” e fundaria os Conselhos Soberanos e a Loja Mãe e Mestra no Zénite de Veneza para confirmar a sua proveniência e assegurar a continuidade do nosso Venerável  Rito.

Em Junho de 1946, o Eminente Irmão Marco Egidio Allegri passou à Grande Pirâmide Eterna (após ter adormecido o Rito nas suas Câmaras inferiores), deixando um testamento em favor do Conde Ottavio Ulderico Zasio, que dirigiu a Grande Hierofania até 16 de Janeiro de 1966, data da sua passagem à Grande Pirâmide Eterna, deixando, por sua vez, um testamento em favor do Conde Gastone Ventura, o qual, no curso do Solstício de Inverno de 1971, despertou o Rito em todas as suas Câmaras e dirigiu a Grande Hierofania até 28 de Julho de 1981, data da sua passagem à Grande Pirâmide Eterna, deixando um testamento em favor de Sebastiano Caracciolo. Em 4/4/2013 o Sebastiano Caracciolo passou à Grande Pirâmide Eterna, deixando um testamento em favor do Roberto Randellini.